Boas práticas: como otimizar as aulas on-line com ferramentas do cotidiano

14 de maio de 2020


O regime de quarentena, adotado após o avanço da pandemia do novo Coronavírus, forçou escolas do mundo inteiro a se apropriarem das aulas on-line. A realidade do ensino remoto causa natural surpresa, representando um desafio significativo, principalmente para professores que não estão habituados ao mundo digital.

Para colocar em prática as aulas remotas, é possível utilizar ferramentas do cotidiano comumente associadas ao entretenimento.  O Facebook, Instagram e até mesmo o WhatsApp, podem ser grandes aliados na hora de reunir digitalmente toda a sala de aula, dando continuidade aos estudos.

“Mas as aulas on-line não são apenas em plataformas educacionais específicas? Como usar essas ferramentas do cotidiano à favor do aprendizado?” Essas e outras perguntas podem estar passando pela sua cabeça… Mas, a resposta é bem simples, e a melhor forma de compreendê-la é observando exemplos que deram muito certo!

O processo de implementação das aulas on-line

Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo/SP, é um desses exemplos. Com ele, aprendemos que o processo de ensino alinhado às tecnologias é melhor aplicado quando há um bom planejamento prévio.

No caso do Porto, o colégio já havia passado, ainda em 2019, por um processo de inserção de tecnologia em sala de aula de modo mais incisivo, lembra a professora Joice Lopes Leite, Diretora de Educação Digital da escola. “Tomamos essas ações para nos aproximarmos das diretrizes da BNCC, que sugerem o maior uso de tecnologia pelos estudantes – desde que o professor se sinta seguro e à vontade”, comenta.

Tal adaptação facilitou o processo de implementação de aulas 100% digitais com o avanço do Covid-19 no país. Antes mesmo da obrigatoriedade do fechamento das escolas, em 23 de março, o colégio já conseguiu se organizar para adotar o modelo remoto. “Desde o dia 16 de março os estudantes do Porto já possuíam a opção de assistir aulas presenciais ou em casa”, relembra Joice, que também pontua a importância de um processo de adaptação e, principalmente, de apoio ao professor para uma boa transição das aulas presenciais para o modelo on-line. “Nós temos professores que são quase youtubers, mas também temos profissionais com pouca fluência digital e os que não se sentiam à vontade com qualquer tipo de tecnologia, mesmo sendo um colégio particular”, comenta. Para equalizar os conhecimentos deles, foram elaborados treinamentos em mini estúdios dentro da escola onde os docentes, com o auxílio de uma equipe de TI, pudessem adaptar seu modo de dar aula.

Aprendizado constante

“Não é fácil abrir a câmera e conversar com a turma. Eu, pelo menos, encaro essa atividade como algo bastante desafiador: quando se abre uma câmera, abre-se também sua intimidade para a turma”, comenta Joice sobre os desafios das aulas on-line. Mais do que isso, o professor também está exposto a possíveis erros, seja pela falta de familiaridade com o mundo digital ou por eventuais problemas técnicos.

Por isso, para driblar essas situações e oferecer cada vez mais uma aula on-line fluída, o professor precisa compreender que, por vezes, são outros docentes e até mesmo o próprio estudante quem irá ensiná-lo. “Os próprios jovens percebem possíveis dificuldades e auxiliam os professores em questões como o áudio que pode estar falhando ou um compartilhamento de tela que deu errado, por exemplo. É algo muito bonito de se ver”. Essa inversão de papel traz um ensino mais horizontal, de mão dupla, onde todos os atores se vêem em função de protagonista do processo de ensino-aprendizagem em algum momento, enriquecendo a troca de conhecimentos e estreitando laços no ambiente escolar.


Imagem cedida pelo Colégio Visconde de Porto Seguro.

A questão da adaptação dos currículos

Outro ponto que merece destaque quando se fala de aulas on-line é a adaptação do currículo escolar para o modelo digital. Vale lembrar que muito já havia sido planejado até a imposição do fechamento das escolas – e nem sempre tudo o que foi previsto para o modelo presencial pode ser aplicado, da mesma forma, no mundo digital.

Para Joice, o professor precisa pensar no essencial: “a primeira coisa que o docente precisa considerar é o que deste conteúdo programado é indispensável para minha turma seguir para o próximo semestre?”. Feito isso, partindo do essencial, o professor pode e deve se inspirar com o que encontrar na internet. “Num modelo expositivo, o estudante vai perder o interesse em dez minutos. A internet está cheia de possibilidades, então é muito importante que o docente procure modelos, abordagens e metodologias que já foram aplicadas e os adapte para a sua realidade”, opina Joice.

O uso de ferramentas do cotidiano em aulas on-line

A decisão de qual plataforma o professor utilizará varia de acordo com o conteúdo e a realidade dos estudantes. No caso de comunidades escolares onde o acesso à rede é limitado ou feito exclusivamente por dispositivos móveis, uma opção para desenvolver uma boa aula on-line é se fazer valer de recursos do cotidiano – aplicativos e outras ferramentas já amplamente utilizadas e que consomem poucos dados.

Conheça alguns exemplos abaixo:


Imagem cedida pelo Colégio Visconde de Porto Seguro.

Instagram

O próprio Colégio Visconde de Porto Seguro optou por desenvolver um projeto com o uso do Instagram, segundo Joice. “Uma de nossas professoras solicitou que as turmas desenvolvessem resenhas e leituras de livros e poemas de várias formas, e tudo foi compilado no perfil @literatura_se_se”. Assim, foi possível utilizar a rede social como uma plataforma de difusão de conhecimento.

Outra sugestão é pedir para que a turma elabore sínteses de assuntos atuais em vídeos, ou até mesmo que criem debates em grupos por meio de chamadas no aplicativo, divulgados posteriormente na aba IGTV para consultas dos colegas. Mais do que compartilhar conhecimento, em ações como essa também espera-se que o jovem desenvolva o pensamento crítico e a habilidade de sintetizar temas complexos, o que auxilia significativamente no processo de estudos para as provas de fim de ano, como o ENEM.

https://www.instagram.com/p/B_sBNDZBr9P/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=loading

Facebook

Apesar de ser uma ferramenta comum do cotidiano, o Facebook pode ser uma das melhores opções para comunidades escolares que acessam a internet via dispositivos móveis ou que não apresentem rede compatível com grandes plataformas digitais.

“Grupos privados no Facebook também funcionam muito bem, podendo ser um local onde o professor posta atividades”, opina Joice. De fato, os grupos nesta rede social, uma das mais usadas no mundo, podem funcionar como um “portal”: é possível que o professor organize um calendário de propostas para os estudantes, que também conseguem devolver a atividade concluída.

Caso a turma apresente dificuldades, é viável agendar um horário fixo para que todos fiquem on-line, mesmo que em dispositivos móveis, para que as dúvidas sejam sanadas via Messenger, o bate-papo do Facebook.

SEM AULAS? DICAS DE COMO ESTUDAR EM CASA PARA O ENEM

WhatsApp

É muito difícil encontrar uma pessoa que possua um smartphone sem que nele esteja instalado o WhatsApp. O aplicativo de mensagens instantâneas também permite o compartilhamento de arquivos em diversos formatos. Basta criar um grupo com os jovens e definir uma periodicidade de interações. O benefício é a instantaneidade: em poucos minutos é possível sugerir uma proposta e sanar as dúvidas, quase em tempo real.


Imagem cedida pelo Colégio Visconde de Porto Seguro.

Dica extra: compartilhe!

“É muito engraçado a situação em que estamos vivendo. A causa [pandemia de Covid-19] não é nobre, mas é fato que estamos mais conectados e unidos do que nunca. Algumas coordenadoras de disciplinas, por exemplo, me relatam que, on-line, têm mais tempo para acompanhar as aulas do que no modelo presencial”, relata Joice.

De fato, seja na educação quanto em qualquer outro setor da sociedade, a realidade do distanciamento social aproximou as pessoas como nunca antes. Pensando nessa tendência, por que não aproximar jovens e comunidade escolar justamente por meio do conhecimento?

Certamente, as ferramentas do cotidiano aqui apresentadas facilitam o processo de aprendizagem do estudante, e são utilizadas pela maioria dos integrantes da comunidade escolar. Então, uma boa forma de dividir o conhecimento não apenas entre os jovens, mas com todos os interessados, é nutrir essas redes com stories e outros conteúdos de acesso público.

Não é preciso ir muito longe para colocar essa ação em andamento. Pequenos vídeos, atividades digitalizadas, redações: tudo pode ser compilado e postado nas páginas oficiais de comunicação entre professores, estudantes e pais, funcionando como uma enorme mostra cultural em tempo integral. Dessa forma, espera-se que não apenas os jovens saiam dessa crise melhor do que entraram, mas toda uma comunidade – o que pode fazer a diferença em tempos futuros.

Abrir WhatsApp
1
Escanear o código
Fale conosco por Whatsapp - De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h