A importância da literatura de terror
30 de outubro de 2020
Dia 31 de outubro comemora-se internacionalmente o Dia das Bruxas (Halloween). Oportunidade para expandir o leque de estudos literários, bem como abordar a importância da literatura de terror na sala de aula. Esse gênero costuma sofrer certo preconceito e ser pouco abordado, mesmo sendo um dos mais queridos pelos jovens.
O horror sempre foi fascinante ao homem e envolveu gerações durante séculos e séculos. Seja nas lendas, nas histórias contadas ao redor da fogueira ou nos mitos usados para assustar filhos desobedientes. No mercado literário, as histórias de terror chegaram em 1794 com a publicação de “O castelo de Otranto”, de Horace Walpole. Foi seguido de perto por “Frankenstein”, de Mary Shelley (1818) e “Drácula”, de Bram Stoker (1897). A partir das sementes plantadas por esses textos, nasceu o gênero terror. Hoje, ele continua em alta pelas mãos de Stephen King e muitos outros autores.
Ensinando a importância da literatura de terror por meio do estudo do gênero
A ficção de terror é apenas um dos muitos gêneros da literatura. Para um educador, estudar o conceito de gênero é uma ótima maneira de fazer com que os estudantes se familiarizarem com a escrita e a leitura. Isso permite que reconheçam os tipos que gostam e também que tenham uma noção do que acontece na produção deles.
Ao invés de ensinar por uma única obra, o educador pode ensinar a estrutura e pedir aos jovens que investiguem textos de sua própria escolha que se encaixam no gênero. Isso abre portas e exige que entendam o conceito de forma profunda, porque para encontrar exemplos, têm que compreender completamente do que se trata.
O que torna a ficção de terror tão atraente para os jovens?
Pode parecer estranho, mas o sentir medo de propósito é um dos motivos. Aristóteles tinha uma teoria sobre porque os humanos anseiam tanto pela escuridão: a “catarse”. Nela, uma pessoa intencionalmente vê (ou nesse caso lê) uma situação que a deixa com medo ou desconfortável. Aristóteles concluiu que por meio da representação no palco de eventos dolorosos, o evento primeiro desperta em seu público as emoções negativas de medo e piedade e, então, permite a expulsão ou purgação dessas emoções no próprio público.
O terror certamente sempre identificou e explorou os medos humanos, pânicos compartilhados como o de aprisionamento ou sepultamento, tão comum nas obras de Edgar Allan Poe. O mesmo para o medo de perder o senso de si mesmo ou de identidade pessoal, talvez por insanidade ou por ter se transformado em algo totalmente estranho, elementos comuns nas histórias de vampiros e lobisomens, que normalmente transformam suas vítimas em monstros como eles.
Ou seja, o terror é mais do que apenas monstros e casas mal-assombradas, é a apresentação dos problemas que todos enfrentamos e tememos. Ao tratar a importância da literatura de horror o educador tem a chance de lidar, principalmente, com temas de medo que se expressam em nossa vida diária e ajudar a turma, indiretamente, a lidar com eles.
Mãos à obra?
Que tal sugerir a produção de um projeto, seja conto, quadrinho ou arte, trabalhando a importância da literatura de horror? Os estudantes podem dedicar alguns minutos para debater o que eles acham que seriam bons tópicos para uma história desse gênero e o educador pode escrevê-los no quadro. Isso será uma grande ajuda para os que precisam de um pouco mais de inspiração para começar, além de despertar o envolvimento coletivo.
O trabalho pode ser feito em interdisciplinaridade entre os componentes curriculares Literatura, História e Arte. Cada uma tem um elemento a contribuir e o produto final pode gerar uma feira de literatura, convidando os pais a admirarem os trabalhos.
O ponto de partida do projeto pode ser, também, as próprias lendas de terror brasileiras. Aliás, dia 31, para alguns, também é dia de comemorar o Saci. Por que não trazer essa figura ou a mula sem cabeça e o lobisomem para a roda de conversa então? De uma única vez os jovens estudam um novo gênero e ainda discutem as noções culturais de sua própria nação. Como seres humanos, quando entendemos algo, valorizamos e, quando valorizamos alguma coisa, a protegemos e nos esforçamos para aprender ainda mais sobre ela.