Gerações Z e Alpha também precisam de alfabetização digital
4 de janeiro de 2021
A alfabetização digital, à primeira vista, pode ser um conceito intimidador. Com os avanços tecnológicos se expandindo para partes inesperadas do dia a dia, é difícil determinar quais ferramentas ou habilidades específicas são necessárias e adequadas à interação neste meio. Inclusive, é errôneo esperar que a geração de jovens de hoje, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, por terem nascido e crescido imersos nas transformações digitais, saibam exatamente o que fazer. É esse pressuposto que contribui para a repetição de certos comportamentos, como o cyberbullying.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), soluções tecnológicas são fundamentais e devem ser implementadas em todas as escolas. Sendo descrita na 5ª Competência Geral os discentes devem: “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” (BNCC, 2018).
Apesar de soar muito semelhante à alfabetização em informática, o letramento digital tem um significado completamente diferente. Este é um segmento que requer uma compreensão profunda das questões comuns que emergem das tecnologias digitais. Envolvendo, assim, a criação de uma consciência do padrão que deve ser empregado nas interações online.
O que é alfabetização digital na educação?
A maioria das tecnologias atuais são orientadas socialmente e, convidando os estudantes a se envolverem de maneira responsável e produtiva, ficam melhor preparados para resolver problemas de forma crítica. Nesse sentido, a alfabetização digital vai muito além de ensinar a capacidade de controlar “dispositivos de entrada e saída”, como teclado, mouse, monitor, alto-falantes, etc.
O Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), na publicação Currículo de Referência em Tecnologia e Computação – Educação Infantil e Ensino Fundamental, indica que “o conceito se refere aos multiletramentos ou modos de ler e escrever e interpretar informações, códigos e sinais, verbais e não verbais, com o uso do computador e demais dispositivos digitais. Aborda o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas ao uso dos recursos digitais com proficiência, bem como as práticas socioculturais e os sentidos e reflexões sobre a humanidade e o uso de tecnologia” (CIEB, 2019).
A familiaridade em como se comunicar em espaços digitais é igualmente essencial. Esta inclui salvar e enviar arquivos por e-mail ou outros meios de compartilhamentos, abrir textos, imagens, mídias de áudio e dados e interagir nessas comunicações de forma responsável. Por esse ponto de vista, a alfabetização digital e a informacional compartilham semelhanças. À medida que os estudantes aprendem mais sobre como usar as ferramentas para localizar, acessar, compartilhar e empregar novas informações por meio da internet, eles terão que avaliar essas informações para provar sua validade.
Vá além do Google
O Google é uma ferramenta de busca eficiente e poderosa. Com acesso a um computador e à internet, por meio dele os jovens podem encontrar as respostas não apenas para perguntas simples, mas também para problemas complexos. No entanto, há uma grande diferença entre pesquisar uma resposta no Google e entender porque pesquisa. O simples fato de pesquisar não fornece um aprendizado verdadeiro e profundo. E embora a maioria saiba como usar o mecanismo, cabe aos professores fornecer as habilidades adicionais para trazer as respostas para o próximo nível.
Existem várias maneiras pelas quais isso pode ser feito, uma delas é ensinar a turma a avaliar e questionar suas fontes. Os estudantes precisam saber a diferença entre uma fonte confiável e uma não confiável. Questionamentos como A pesquisa foi feita em um site acadêmico ou não? Quando a fonte foi atualizada pela última vez? Quantos outros sites possuem links para esta fonte como referência? As informações são apresentadas em linguagem objetiva ou tendenciosa? são valiosos para que os estudantes possam observar essas questões e tirar uma conclusão.
Outro ponto importante é que encontrar a resposta certa para um problema não é apenas memorizar o caminho para chegar nela, cabe aos educadores contextualizar essa resposta. Uma vez que haja uma compreensão profunda, incentive a aplicação criativa desse conhecimento. Isso pode ser feito desde desafiá-los a fazer novas perguntas relacionadas ou usar outras plataformas digitais para criar algo novo, como um filme ou experimento científico com base nas respostas; gravar um podcast que conte a história de como a resposta surgiu; ou mesmo escrever um artigo de jornalismo investigativo.
Cidadania Digital
Ser um bom cidadão digital significa entender e aplicar os usos apropriados e responsáveis da internet e da tecnologia. Por isso, o cyberbullying é uma questão muito importante quando se toca nesse assunto. Esse bullying que ocorre por meio do uso de tecnologia eletrônica é um problema generalizado em escolas e na sala de aula online. Embora os jovens de hoje possam ser nativos digitais, eles ainda precisam aprender que as normas sociais também se aplicam ao comportamento online. Assim, as escolas devem investir em recursos para prevenir o cyberbullying, assim como ajudar os que sofreram com isso a lidar com o problema e os que aplicaram este comportamento entenderem que erraram, porque erraram e como erraram. Para alguns, soa como uma brincadeira sem consequências no mundo real, mas sabemos que não é assim. A internet faz parte da vida e o que acontece lá não só pode durar para sempre, como pode determinar uma história de vida para o bem ou mal.
Fake News
Atualmente, as salas de aula têm lidado com a desinformação espalhada por notícias falsas na internet. É, portanto, hora de trazer um senso de descrição entre fato e ficção. Os educadores devem equipar suas turmas com ferramentas que possam diferenciar entre notícias fraudulentas das confiáveis. Eles podem atingir esse objetivo discutindo curiosidades sobre notícias como parte do currículo diário ou debatendo sobre o papel desempenhado pelas mídias sociais na disseminação de informações falsas. Por meio de exemplos, os professores podem comparar as diferenças entre uma sátira, uma notícia falsa e uma informação realmente valiosa.
Uso consciente e responsável da internet
A maioria das vidas demonstradas online é distorcida e longe da realidade. Além de fomentar padrões irreais, a constante exposição torna o online um terreno próspero para agressores e criminosos. O resultado final de tais atos ilícitos aparece na forma de problemas de saúde mental, juntamente com sentimentos de distanciamento e solidão entre os jovens. Ao trabalhar a alfabetização digital, ensina-se como usar a internet de maneira adequada, evitando problemas em suas buscas por aprendizado ou entretenimento.
Os professores podem intervir criando bate-papos em grupo para fazer com que os estudantes pensem sobre suas informações pessoais que são publicadas online. Este exercício funciona como uma conscientização, para que tentem avaliar as reações de outras pessoas em relação à sua presença pública.