Rotina de estudos e o poder das pausas deliberadas
26 de março de 2021
As condições traumáticas do isolamento, imprevisibilidade, distanciamento físico e emocional decorridas no último ano estão afetando a todos, mas crianças e adolescentes experimentam esses efeitos enquanto ainda estão se desenvolvendo. Níveis tóxicos de estresse podem desgastar seus sistemas nervosos e colocá-los em estados elevados de ansiedade, depressão e, às vezes, desesperança. Nesses momentos, os estudantes, muitas vezes, não têm recursos para se autorregular, podendo optar por forçar uma rotina de estudos pesada e fastidiosa, que não leva a resultados reais e aumenta o quadro de desfoque.
Uma pausa cerebral, ou seja, um curto período de tempo em que mudamos a rotina de informações, tem uma capacidade de atuação ampla nesse tipo de situação. Nossos cérebros estão programados para novidades. Sabemos disso porque prestamos atenção a cada estímulo em nosso ambiente que parece ameaçador ou fora do comum. Isso sempre foi uma vantagem e, na verdade, também um aspecto da sobrevivência como espécie que dependia dessa forma de lidar com o inesperado.
Quando fazemos uma pausa cerebral, isso refresca nosso pensamento e, no caso de uma rotina de estudos, ajuda a descobrir outra solução para um problema ou ver a situação através de uma lente nova. Durante esses poucos minutos, o cérebro se afasta do aprendizado e consegue atingir um estado de calma, capaz de proporcionar clareza e criar memórias mais fortes do que quando os estudantes estão aprendendo com atenção redobrada. Para ajudá-los a encontrar essa calma, atividades de atenção e concentração regulatórias fornecem um estímulo no qual podem se concentrar, incluindo respirações profundas, sons, visualizações, movimento, ritmo, arte e, às vezes, sabor.
Rotina de estudos: ideias de práticas de atenção plena
As chamadas práticas de “Mindfulness” ou “atenção plena” preparam nossos cérebros e corpos para criar e manter um estado de alerta relaxado. Elas podem acalmar e/ou energizar o sistema nervoso. Assim como ampliam e aprofundam a consciência enquanto promovem o bem-estar emocional, social e cognitivo para todos os discentes e podem ser integrados em procedimentos e rotinas das salas de aula, escolas e casas de cada um. Vamos conferir algumas ideias?
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Pulsar os punhos
Peça aos estudantes que estiquem os braços, com as palmas para cima, para cada lado na altura dos ombros e mantenham os cotovelos retos. Depois peça-lhes que abram e fechem os punhos com uma respiração energética. Se possível, façam isso por 30 segundos e, em seguida, respirem longa e profundamente. Façam novamente por 30-60 segundos. Oriente que concentrem-se em seus movimentos e respiração. Peça-lhes para virar as mãos e abrir e fechar os punhos novamente por mais um minuto. Este exercício traz um fluxo de oxigênio para o cérebro e fortalece o sistema nervoso, podendo ser feito no início da rotina de estudos.
Flor desabrochando
Com as pontas dos dedos de ambas as mãos se tocando, os alunos começam abrindo os polegares com uma inspiração profunda e, em seguida, expiram. Conforme continuam a respirar, abrem os indicadores, depois os dedos médios e os dedos anulares. Quando chegam aos mindinhos, separam as mãos e respiram profundamente enquanto as flores desabrocham. À medida que abrem cada par de dedos, você também pode pedir que digam uma frase afirmativa, como “estou em paz”, “estou forte”, “estou pronto” ou “estou chegando lá”.
Respiração de sapo
Em pé, com os calcanhares se tocando e os dedos dos pés apontados, peça aos jovens que se agachem e toquem o chão com a ponta dos dedos. Eles devem inspirar quando estiverem de pé e expirar quando se agacharem. A ideia é fazer cerca de 20 repetições. Este exercício energiza e fortalece o sistema nervoso.
Equilibrando um objeto
Peça aos estudantes que equilibrem um objeto leve, como um prato ou copo de papel, pode ser até mesmo um livro, em suas cabeças e façam uma variedade de poses. Eles podem tentar se equilibrar em uma perna, agachar-se, caminhar ou inclinar-se para a frente enquanto mantêm a cabeça firme e observam o quão baixo podem se dobrar e ainda manter o objeto na cabeça. Você pode tentar criar novas poses variadas ao lado deles. É um bom exercício para distrair, trabalhar o equilíbrio e a concentração durante a rotina de estudos .
Dê-me o seu e eu lhe darei o meu
Peça à turma que crie uma imagem ou escrevam algumas palavras que desejam compartilhar com alguém que valorizam. Ao pensarem na pessoa, devem respirar profundamente por um minuto, expressando mentalmente seu amor e sua imagem ou palavras com o pensamento dessa pessoa. Outra ideia é pedir que escrevam ou desenhem uma preocupação que tenham e, em seguida, dobrem o papel e entreguem-no a um amigo. No caso das aulas virtuais, pode haver um sorteio de quem entrega a quem a mensagem, que será enviada por e-mail ou WhatsApp. Enquanto eles compartilham suas preocupações, peça-lhes que respirem juntos por um minuto. Se quiser que compartilhem uns com os outros e com a classe, é necessário definir diretrizes e acordos para todos para que todos se sintam confortáveis.
Revelar
Traga um objeto para a rotina de estudos das aulas online ou híbridas coberto com uma toalha ou pano. Segure o objeto coberto com apenas uma pequena parte sendo revelada na frente dos estudantes, e a cada respiração profunda que eles fazem, você lentamente retira o pano, revelando um pouco mais do objeto. Depois de algumas respirações profundas, eles devem ver o suficiente para começar a adivinhar na caixa de bate-papo ou comentando. Você pode perguntar como o objeto está relacionado ao seu conteúdo ou ao aprendizado social e emocional que estão trabalhando neste momento.
Frases de sentimento
Para começar o dia, peça aos estudantes que compartilhem, por meio de um desenho ou descrição, como seus corpos se sentem. Algumas frases de exemplo: frio/quente; inquietante/moles; maçante/instável; trêmulo/nervoso; fraco/vazio; relaxado/calmo/tranquilo; forte/entorpecido. A consciência sensorial promove o crescimento cognitivo e a autoconsciência. Quando todos podem começar a identificar suas sensações, eles começam a descobrir onde estão os sentimentos e imagens negativas. Essa prática pode ser acompanhada de perguntas como: “o que você está sentindo? Onde está isso em seu corpo? Qual pode ser o motivo dessas inquietações?”.
Som
O uso de som é muito poderoso para envolver uma resposta calma. Trabalhe com o barulho da chuva, sinos e música. Que tal criar uma playlist colaborativa de atenção e concentração e dar o play no começo ou fim de cada aula? A rotina de estudos com certeza ficará mais leve. Quando estamos focados e prestando atenção aos nossos pensamentos, sentimentos e escolhas, temos uma oportunidade muito maior de mudar aqueles que não estão nos servindo bem na vida e na escola.
Fonte: 10 New Focused Attention Practices; Quick Classroom Exercises to Combat Stress.