Livros sobre Consciência Negra: ensine crianças usando a literatura
10 de novembro de 2021
Representatividade, respeito, empatia e equidade são conceitos que devem estar presentes no dia a dia de uma criança, se quisermos plantar a semente de um mundo melhor e antirracista. Mas como levá-los para o cotidiano de uma escola? Livros sobre Consciência Negra são um caminho inspirador, que possibilitam as conversas difíceis acontecerem, de forma que os estudantes se sintam à vontade e verdadeiramente compreendam os conceitos.
Por onde começar?
Livros sobre Consciência Negra e histórias infantis sobre empatia: aqui nos referimos a obras que discutam o assunto, mas também tragam representatividade. Ou seja, selecione obras que mostram uma pluralidade de pessoas e culturas em uma variedade de ambientes, assim como livros que ajudem as crianças a compreender que existem diferenças entre as pessoas, mas que todas têm um lugar para si. Ao escolher, considere quem são seus estudantes e como o texto se alinha com suas experiências, interesses e conhecimentos.
Procure também livros que abram novas experiências para seus alunos e lhes dêem a oportunidade de se verem, mostrando que não estão sozinhos em seus desafios. Neste caminho, lembre-se de ouvir ativamente o que dizem. Uma boa ideia é: antes de iniciar uma leitura, diga à turma sobre o que falará o texto e pergunte as experiências e conhecimentos que todos têm sobre o tema. À medida que exploram, incentive-os a fazer perguntas e a exporem os pensamentos e ideias.
Quais livros sobre Consciência Negra a Editora do Brasil indica?
Separamos alguns livros sobre Consciência Negra voltados tanto para o público infantil quanto ao infantojuvenil e que abordam a questão por várias óticas. Tem lançamentos e clássicos importantes para a identidade do brasileiro. Vamos conferir?
O navio negreiro e outros cantos de Castro Alves
A obra escrita pelo baiano Castro Alves (1847-1871) e originalmente publicada em 1869, é o maior exemplo de livros que falam sobre racismo dentro da poesia abolicionista brasileira. O autor foi um dos poucos poetas que soube evocar as mazelas que acometem a humanidade de forma tão realista. Suas críticas sobre a escravidão, a violência e o preconceito não só foram essenciais na época de sua escrita, como continuam relevantes até hoje. Por isso, a edição recém-lançada pela Editora do Brasil de O navio negreiro é uma adaptação em HQ, que mantêm a essência em uma releitura visual e reúne “O navio negreiro”, “O fantasma e a canção”, “A cruz da estrada”, “Tragédia ao luar” e “Vozes d’África”, além de outros trechos de sua vasta e importante obra.
Frederico, Frederico…
Falando de livros sobre Consciência Negra, em Frederico, Frederico…, Simone Mota conta a história de um garoto esperto e teimoso que consegue enxergar o mundo de uma forma especial. Para Frederico, este globo que chamamos de Terra não é feito de obstáculos, mas de oportunidades. Ele encafifou que quer ser doutor e quando coloca algo na cabeça, não tem quem tire a ideia de lá. E por que não? Uma criança pode ser o que quiser quando crescer, é só acreditar! Este é um belíssimo exemplar da importância da literatura na promoção de uma reflexão sobre identidade, negritude, racismo e empoderamento.
Um encontro com a liberdade
Um encontro com a liberdade é uma obra que não pode faltar em nenhuma lista de livros que falam sobre racismo. Autêntico e esclarecedor, Júlio Emílio Braz aborda nela o tema da libertação dos escravos, conduzindo o leitor a perceber outro lado, muitas vezes desconhecido, sobre a Lei Áurea. O ponto de partida é a história de Gabriel, que ainda criança perdeu a mãe, uma escrava e companheira de seu pai, Valentim, um rico comerciante português. Conforme o tempo passa, ele começa a perceber que sempre trabalhou para o pai e vai entendendo não só a sua condição como a situação em que outros negros se encontram. Que tipo de pai teria o filho como escravo?
Que cabelo é esse, Bela?
Já diz o ditado, nosso cabelo é a moldura do rosto. Muitas mulheres afirmam sua negritude a partir dos cabelos. Que cabelo é esse, Bela? é dos livros com personagens negras que traz essa importante questão para ser debatida com as crianças. Também escrito por Simone Mota e publicado pela Editora do Brasil, o foco dessa obra é Bela, que junto a seus amigos adorava brincar com a água que caía do céu, principalmente depois de descobrirem que o cabelo dela brilhava. Era um poder mágico que só ela tinha – ela era a menina do cabelo de brilho da chuva. Só que algumas pessoas zombaram, e Bela acabou se entristecendo. Por que não podia ser quem era? Foi quando sua mãe então lhe contou a origem de seu poder mágico, que nasceu com sua tataravó, uma mulher escravizada. Agora, Bela tem a escolha de renunciar ou não a esse poder. Ler esta encantadora e potente narrativa, que de uma maneira doce aborda a quebra de preconceitos e padrões de beleza, é exatamente o que seu filho ou filha precisa para descobrir o poder da ancestralidade e afirmar-se enquanto indivíduo consciente.
Vento forte, de sul e norte
Por fim, para fechar nossa lista de livros sobre Consciência Negra: Vento forte, de sul e norte. Desde criança, em alguns momentos da vida, Luísa teve de enfrentar várias situações de preconceito e aceitação. Quando chamou Henrique para sua casa a fim de ajudá-lo com as aulas de Matemática, jamais pensou que ele agiria como tantas outras pessoas. Mas e aquela repentina aproximação de Gabriel? Será que ele realmente era um idiota como seu amigo Henrique? Uma história envolvente que lida com assuntos como homofobia, racismo e preconceito, mas na qual a amizade e o amor farão Luísa, protagonista deste sensível texto, tornar-se forte para aguentar os ventos do sul e do norte. Leitura importante e imperdível!