A importância das disciplinas eletivas no Ensino Médio como espaço de escuta

17 de agosto de 2020

A pandemia do novo coronavírus impactou fortemente a educação em variados quesitos nos últimos meses e pode gerar algumas mudanças e tendências no pós-quarentena. Segundo projeções, uma dessas mudanças será o foco nas escolhas das disciplinas eletivas no Ensino Médio.
O Novo Ensino Médio prevê que o currículo das escolas seja 60% preenchido pela formação geral, orientada pela BNCC. Já os outros 40% devem ser destinados aos itinerários formativos, onde o estudante pode escolher entre as áreas de estudo: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação técnica e Profissional. As disciplinas eletivas fazem parte desse bloco.

O passado como lição para o presente

Um estudo, feito em 2019 pelos pesquisadores do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), investigou as boas práticas de escolas públicas de Ensino Médio que, mesmo inseridas em um contexto socioeconômico adverso, conseguiram alcançar bons índices de aprendizagem.

E uma das estratégias em comum entre elas, que traz uma valiosa lição para os tempos de pós-pandemia, era um currículo diversificado, que engaja e tem grande espaço para as disciplinas eletivas. Dessa forma, elas funcionavam como a viabilização de vivências dos processos de autonomia e escolha para os jovens.

As aulas aconteciam, em geral, duas vezes por semana e com muitas opções de escolha. Passando por teatro, danças regionais, música, lutas, aula de idioma ou redação. Assim, o estudante se via imerso em aulas dinâmicas e divertidas. Essas, ainda por cima, colaboravam com a sinergia do grupo escolar, uma vez que as turmas eram compostas por estudantes de diferentes séries.

Em algumas escolas, as aulas eletivas eram, inclusive, sugeridas e conduzidas pelos próprios jovens, sem a participação dos professores.

Disciplinas eletivas no Ensino Médio: prelúdio do caminho profissional

Os estudantes de hoje serão os profissionais do futuro e, inegavelmente, terão a pandemia como reflexo comportamental. Se a doença mexeu com estruturas, padrões, procedimentos, o que ela fará com suas formações? O que isso significa para os jovens de hoje, adultos do futuro? A situação pode resultar em mais profissionais especializados em tecnologia? Ou, talvez, mais jovens optando por carreiras em áreas do conhecimento mais sociais ou biológicas?

O que vai fazer toda a diferença para esses estudantes, é a forma como a escola enxergará e conduzirá a questão. As disciplinas eletivas no Ensino Médio funcionam, de certa forma, como espaços para conectar o discente com a escola e com o mundo que o cerca. Além de desenvolverem as aptidões profissionais e trabalhar a inteligência emocional, podem ser espaços para a prática cidadã. Simultaneamente, o estudante se localiza e a sensação de pertencimento, após um longo período de isolamento social e incertezas, será um benefício que todo jovem sentirá necessidade no pós-pandemia.

Projetos de disciplinas eletivas

As disciplinas eletivas no Ensino Médio despertam e exploram os interesses dos alunos, mas para isso devem ser novas roupagens para conteúdos tradicionais ou totalmente inovadores. Por exemplo, se o estudante tem dificuldades com a Matemática e se depara com uma eletiva de Jogos Matemáticos, talvez opte por fazê-la para descobrir um novo olhar sobre uma questão que lhe pareça confusa.

No pós-pandemia, uma opção é trazer ao currículo delas questões emergentes. Em outras palavras, ao invés de fingir que nada aconteceu, debater os problemas e instigar os alunos a criar projetos de solução, propostas de intervenção e afins.

As escolas precisarão trabalhar por uma ensinagem que forme indivíduos capacitados e informados, para viverem o futuro de frente. Como diz a famosa frase atribuída a Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

Fontes: Quatro lições das escolas públicas com bons resultados no Ensino Médio; Novo Ensino Médio.