A prática do método socrático nos dias hoje

13 de outubro de 2020


Primeiramente, você se lembra o que é o método socrático? Ele tem esse nome graças ao seu criador, Sócrates, famoso filósofo grego, que ensinava fazendo perguntas após perguntas. Sócrates procurava expor contradições nos pensamentos e ideias dos seus estudantes, para então guiá-los a conclusões sólidas e sustentáveis. 

O estilo, baseado em diálogo orientado por questões, coloca o professor em um papel mais de receptor do que emissor. Isso porque o docente em um diálogo socrático, essencialmente, nega seu próprio conhecimento de um assunto para levar o estudante à ideia ou resposta correta. 

Só sei que nada sei

O princípio básico do método socrático é que os estudantes aprendem por meio do uso de pensamento crítico, raciocínio e lógica. O ponto de partida é, justamente, a famosa frase de Sócrates: “só sei que nada sei”. Apenas reconhecendo nossa ignorância e estando abertos a aprender mais, podemos evoluir.

Conta-se nos diálogos platônicos que, ao conversar com outros sábios, Sócrates concluiu que todos acreditavam que tinham um conhecimento profundo de determinados assuntos. Quando, na verdade, não possuíam nenhum. Por isso, o método socrático busca significado e verdade. Conceitos importantes para os estudantes explorarem. Podendo ser uma técnica extremamente poderosa para os professores abordarem questões e conceitos complexos.

Isso porque ele permite que o estudante pense sob uma nova luz. Este método é ideal para questões de natureza filosófica, como: “O que é beleza?” ou “O que é vida?”. No entanto, pode não ser adequado para conceitos que têm uma definição exata, como: “O que é uma célula?”. Entretanto, isso não o exclui de trabalhar com disciplinas objetivas, como matemática ou ciências. Nessas áreas do conhecimento, o seu uso ideal é margeando os assuntos, como introdução e incentivo a curiosidade sobre os temas. 

O método socrático é um aliado do protagonismo juvenil 

Ao observar a prática do método socrático nos diálogos platônicos, é possível notar que Sócrates o utilizava, muitas vezes, para desmoronar seus adversários de oratória e nem sempre para educá-los. Considerando esse lado, para o uso em salas de aula contemporâneas, a técnica necessita partir de gentileza e suavidade. A ideia não é constranger os estudantes ou colocá-los em situações vexaminosas.

Consequentemente, a experiência de sala de aula deve ser um diálogo compartilhado entre professor e estudantes. Em que ambos os lados são responsáveis ​​por impulsionar o diálogo e questionar a superficialidade. 

O método socrático em seu uso moderno de ensino não depende apenas das respostas dos estudantes a uma pergunta. Em vez disso, ele se baseia em um conjunto de perguntas, de preferência, que foram elaboradas anteriormente e de forma a levá-los a uma ideia. 

Por meio delas, o professor tem a oportunidade de envolver e entusiasmar a todos. Uma possibilidade é partir de perguntas para as quais a turma já sabe e entende a resposta, criando espaços para que o docente possa inserir novos conceitos. Isso cria uma atmosfera onde todos estão realmente aprendendo, em oposição a uma atmosfera onde apenas repetem informações decoradas e que podem se esquecer depois.

Trabalhe o senso de comunidade

Atualmente, uma boa utilização do método socrático em sala de aula pode ser criando círculos de debate. Estes, em resumo, promovem a aprendizagem colaborativa e cooperativa. Assim, encorajam os jovens não apenas a encontrar a ‘interpretação’ correta do conteúdo, mas a explorar, visualizar e analisar o material de diferentes ângulos e perspectivas.

Para montar os círculos, escolha um texto ou passagem como material de leitura. Instrua a turma a lê-los com antecedência, analisar e formar suas notas individuais sobre o conteúdo. Em seguida, agrupe todos em dois círculos: um interno e outro externo.

No início da atividade, os estudantes do círculo interno leem, analisam e discutem o material por um tempo determinado pelo docente. Já os estudantes do círculo externo são instruídos a permanecer em silêncio e observar a discussão. Quando o tempo para o círculo interno terminar, o círculo externo terá mais 10 minutos para avaliar os diálogos dos oponentes e comentá-los. O círculo interno apenas toma nota do feedback fornecido. A cada determinado tempo, os grupos trocam de posição e invertem os papéis.

Ao fim, essa, assim como outras metodologias ativas, coloca os jovens no centro do processo de aprendizagem, os envolve e possibilita uma aula muito mais dinâmica. Assim, todos aprendem a construir conexões entre novos conhecimentos e informações anteriores. O impacto na aprendizagem, então, começa a se estender para fora da sala de aula e para o mundo real.

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