Atividades de campo: um grande passo para professores de Biologia

11 de dezembro de 2024


Da teoria à prática: descubra os tipos de tarefas que envolvem a atividade de campo nas Ciências da Natureza

Trilhas, cachoeiras, museus, mercados, estações de tratamento de água, fábricas, zoológicos, o jardim da escola ou, até mesmo, terrenos baldios: tudo isso pode ser cenário de uma atividade de campo.

Nas Ciências da Natureza, em especial na Biologia, as atividades de campo podem ser utilizadas para estudar os seres vivos, as relações entre eles e o ambiente, bem como o impacto das interferências humanas. Podem ser utilizadas, por exemplo, para realizar atividades de investigação quanto à abundância populacional de uma espécie vegetal, para identificar a flora e a fauna ou para analisar os tipos de interação ecológica existentes entre os seres vivos em um dado local, para conhecer um ecossistema típico brasileiro e tantas outras possibilidades.

Meu nome é Sandra Fagionato Ruffino, sou professora no município de São Carlos (SP) e autora de livros didáticos pela Editora do Brasil no ensino de Ciências da Natureza. Quero apresentar mais sobre essa ferramenta de ensino altamente eficiente, pois ela propicia a aplicação da teoria estudada em sala de aula, a percepção da diversidade e a complexidade das variáveis que compõem o meio, além de estimular o protagonismo do educando na busca pelo conhecimento e a problematização de situações.

Atividades de campo: novas dinâmicas e memórias de longo prazo

O biólogo José Artur Barroso Fernandes, na sua tese Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o empírico (2007), identificou como benefícios das atividades de campo os impactos positivos na memória de longo prazo e na relação dos estudantes com o meio ambiente, além do desenvolvimento de competências sociais, como trabalho em equipe e autoestima.

No entanto, para garantir a eficiência dessas atividades, é importante que não sejam reproduzidos aspectos da sala de aula convencional, como a exposição exagerada de conteúdos. O campo deve ser aproveitado em todas as suas potencialidades, o que se consegue com um bom planejamento.

Atividades de campo: planejando uma visita

Para realizar uma atividade externa, o professor deve ter em mente que esse é o seu projeto e ele inclui um “antes”, um “durante” e um “depois da saída para o campo”.

Checklist do planejamento

  • Definir os objetivos de aprendizagem.
  • Definir os conteúdos teóricos que precisam ser trabalhados antes da visita.
  • Escolher o ambiente que será visitado e garantir a autorização desse local – é muito importante conhecer previamente o local para ter certeza de sua viabilidade.
  • Planejar as atividades que serão realizadas em campo.
  • Listar os recursos (materiais e financeiros) necessários.
  • Pensar em estratégias para garantir a inclusão de toda a turma.
  • Definir datas e cronograma.
  • Solicitar autorização da gestão escolar.
  • Garantir a autorização dos responsáveis pelos estudantes menores de idade.
  • Contratar serviço de transporte.

Acertando todos os detalhes administrativos, um dos pontos principais para garantir a eficiência de uma visita é a elaboração de um plano de estudo. Os estudantes precisam saber, à priori, para onde vão e o que farão em campo. Se forem desenvolver uma investigação, com coleta de dados, é preciso que saibam manipular os equipamentos que serão utilizados e a forma de registro de dados. Nesse sentido, recomenda-se a elaboração coletiva de um roteiro de campo. Grupos de trabalho podem ser definidos, com a divisão de tarefas entre eles. Regras de segurança, de vestimenta e comportamento também devem ser tratadas antes da visita para que todos estejam preparados e comprometidos.

A atividade de campo não termina com sua realização. O estudo tem continuidade com a análise dos dados coletados, retomada de conteúdos, discussão das observações e avaliação, em que se verifica se os objetivos foram alcançados.

Visita de campo: um passo de cada vez

Muitos professores têm receio quanto a questões de segurança e indisciplina, uma preocupação legítima. No entanto, para ganhar confiança, a dica é iniciar com atividades de campo no próprio ambiente escolar. Assim, é possível entender melhor como os estudantes se comportam, rever as orientações, realizar avaliações e refazer acordos para uma próxima atividade. Dando tudo certo, o passo seguinte é partir para um ambiente externo, mas controlado, como um museu ou fábrica, cuja visita é guiada pela instituição. Nesse caso, a função do docente é articular elementos do campo com estudos em sala de aula e com as necessidades dos estudantes.

Ao adquirir mais confiança, pode-se partir para uma prática investigativa em um ambiente menos controlado, como uma praça pública, em que os estudantes terão mais protagonismo e serão responsáveis, por exemplo, pela coleta de dados.

Para aprofundamento, o docente pode ler os seguintes artigos:

  • O papel educacional do Museu de Ciências: desafios e transformações conceituais, Disponível em: reec.uvigo.es/volumenes/volumen6/ART10_Vol6_N2.pdf. Acesso em: 18 mar. 2024.
  • Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Disponível em: www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0109viveiro.pdf. Acesso em: 18 mar. 2024.

Sobre Sandra Fagionato Ruffino

Autora de livros didáticos pela Editora do Brasil no ensino de Ciências da Natureza. Formada em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp – Rio Claro). Mestra e doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Professora da Educação Básica no município de São Carlos (SP).

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