Boas práticas: como trabalhar a parceria escola e família em tempos de quarentena

25 de maio de 2020


Desde que as aulas presenciais foram suspensas devido a pandemia do Novo Coronavírus, escolas do Brasil inteiro tiveram de se mobilizar, às pressas, para adaptar para continuarem suas atividades com os jovens de maneira remota. Esse não é um tipo de mudança que afeta apenas a instituição de ensino, mas também as próprias famílias dos estudantes. Neste momento, então, a parceria escola e família é, mais do que nunca, essencial para o bom andamento das aulas.

Andragogia

Do grego andro, que significa adulto, e gogos, traduzido por educar, andragogia é o termo utilizado para a educação de adultos – não apenas a educação formal, erudita, mas ao modo pelo qual o adulto é educado, ou seja, que aprende conceitos. O termo foi usado pela primeira vez na década de 1970 pelo educador americano Malcolm Knowles, que defendia a tese de que adultos aprendem de forma diferente se comparado às crianças, uma vez que já possui conceitos e vivências que influenciam na maneira com a qual absorvem informações. Segundo ele, o educador, quando tem adultos como público-alvo, desempenha um papel de facilitador na aproximação de conceitos, e não de fonte exclusiva de conhecimento.

Entender o conceito de andragogia é essencial no momento em que estamos vivendo, principalmente quando pensamos na parceria escola e família: de um lado, existem jovens que precisam seguir seus estudos; do outro, as famílias, que precisam ser amparadas e apoiadas para que estejam prontas para auxiliar seus próprios filhos durante a elaboração de atividades on-line. Neste cenário, professores, coordenadores e gestores escolares fazem o meio de campo, e é necessário muito jogo de cintura para saber lidar, principalmente, com os pais e responsáveis.

Tentativa e erro

Grosso modo, não há complicações na hora de compreendermos o modelo básico de assistência durante as aulas remotas: gestão e coordenação escolar apoiam e direcionam os professores, que, uma vez orientados, guiam e amparam as famílias e os estudantes. Na prática, por outro lado, pode não ser tão simples assim.

A Coordenadora Pedagógica da Escola Estadual Professor João Maria Pires de Aguiar, localizada no bairro Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, Regiane Taveira, comenta que, antes de mais nada, é preciso que os professores mantenham a calma. Não são todos os docentes, tanto em escolas públicas quanto particulares, que possuem facilidade ou fluência digital para mostrarem segurança e desenvoltura na hora de estabelecer os limites de uma comunicação efetiva com os pais via ferramentas digitais do cotidiano – o WhatsApp, por exemplo. “Não existe receita. Estamos todos aprendendo juntos a lidar com situações que nunca imaginamos viver. Então, é preciso calma: primeiro, é preciso tentar acertar. Se errar, tente de novo – porque isso é o normal durante o ensino, e estamos todos em processo de aprendizagem”, ela comenta.

4 dicas para fortalecer a parceria escola e família

Apesar de não existir uma receita única, tentativas e erros fazem com que cada instituição de ensino encontre o modelo que melhor se aplica à própria realidade. Não foi diferente com a E.E. Prof. João Maria. A seguir, listamos algumas ações que deram certo e que servem de inspiração para você e sua escola. Confira!

Escuta ativa

De modo geral, escuta ativa é mais do que ouvir o que o interlocutor tem a dizer – é compreender suas necessidades e suprir suas demandas sempre que possível, ainda que ela não seja explícita por palavras. E deve ser praticada tanto entre escolas e família quanto entre os integrantes do corpo docente. O conceito pode parecer complexo, mas é simples na prática.

Um bom exemplo disso são as constantes reuniões que Regiane promove on-line com sua equipe de professores. “Esse é um momento em que o professor precisa de muito, muito apoio. Sempre que necessário, eles me acionam e eu procuro apoiá-los na comunicação com os pais. Também tenho reforçado muito nas nossas reuniões questões como limite de horário e outras estratégias para lidar com os pais”, comenta. Ações como essa, alinhada a uma postura sincera de “todos aprendendo juntos” acalma o professor, tornando-o mais confiante para lidar com esse contato mais próximo com os pais.

A escuta ativa e todos os cuidados que surgem com essa postura também é essencial na relação entre docente e família. O professor Wagner Sampaio, que leciona para o 1º ano do Ensino Fundamental, também da E.E. Prof. João Maria, conta que é preciso certa percepção na hora de conversar com os pais. Segundo ele, é preciso conhecer a comunidade e o público para adaptar a linguagem: “Eu sou muito profissional, mas sempre com o cuidado de facilitar a interação. Sempre explico tudo o que for necessário também por áudio, o que facilita em caso de pais ou responsáveis com dificuldade na leitura, por exemplo”. Ações cuidadosas como essas são simples e fazem toda a diferença na hora de integrar a comunicação entre todas as partes.

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Aproximação humana

É muito importante que, mesmo que à distância, todos estejam próximos, ainda que digitalmente. “Meu dia a dia começa enviando, via WhatsApp, toda segunda, a rotina da semana”, conta o professor Wagner. Isso aproxima os pais da rotina do docente e cria a sensação de pertencimento – isto é, ainda que o planejamento seja feito pelo professor, a execução dele é uma ação conjunta e compartilhada: nada vai sair do papel se alguma peça sair do lugar, e isso inclui pais e professores agindo juntos.

Outra ação aplicada pelo professor que tem como finalidade a aproximação como reforço da parceria escola e família é a devolutiva das atividades propostas. “Só o professor falando não é bacana. A troca de mensagens e ideias é importante. Então, na minha dinâmica, eles [estudantes em parceria com a família] fazem as atividades e, em seguida, me encaminham fotos e vídeos, compartilhando o local e o espaço em que as estão realizando”, lembra Wagner. Essa devolutiva estimula a participação e a integração entre famílias e a escola, ainda que virtualmente, funcionando quase como um aprendizado colaborativo e um estímulo comum.

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