A cultura popular como fonte de ensino
27 de dezembro de 2022
Qual a relação entre educação e cultura? De certa forma são conceitos intrínsecos, já que a própria educação é parte da cultura. Mas e o contrário? A cultura é parte da educação? Podemos dizer que sim, mas será que estamos limitando demais o tipo de cultura levada para a sala de aula?
Como residentes de um país de raízes múltiplas, tratar da cultura popular brasileira na escola é mais do que uma necessidade prática, é também uma forma de repassar heranças, discutir quem somos, por que somos e, é claro, pensar onde tudo isso vai nos levar.
Os conhecimentos, crenças e costumes populares tratam de mitos e lendas, mas também atravessam toda a trajetória deste território e podem se instalar na escola tornando-se parte do dia a dia do ensino-aprendizagem. Como? Jogos e brincadeiras da cultura popular brasileira podem ser um caminho prático, assim como uma visão teórica e analítica do que é essa cultura popular.
O que é a cultura popular brasileira?
A cultura de um povo pode ser definida como todos os modos de vida, incluindo artes, crenças e instituições de uma população, que são transmitidas de geração em geração. O acréscimo do “popular” a essa definição segmenta esses conhecimentos para além dos acadêmicos e, de certa forma, para alguns tem a ver com folclore.
E, sim, o folclore faz parte, mas não se limita a ele, a cultura popular brasileira também inclui:
- o artesanato;
- as músicas (inclusive gêneros como o Funk e o Hip-Hop);
- as danças (sabe a dança do passinho? É cultura popular brasileira);
- as festas, vide o Carnaval e o São João;
- e, é claro, a literatura, o teatro, a culinária e até as religiões.
A compreensão de toda essa gama de culturas requer o entendimento não apenas das diferenças linguísticas, mas também das diferenças de conhecimento, percepções, crenças, atitudes e comportamentos das regiões brasileiras. Tudo isso influencia em quem somos e, aos educadores, influência até no que ensinam, já que suas próprias origens não deixam de ser um recorte sob o currículo acadêmico.
O papel do professor no ensino da cultura popular
A palavra “cultura” deriva de um termo francês, que por sua vez deriva do latim “colere”, que significa cuidar da terra e crescer, ou cultivar e nutrir; tal qual um professor faz em sua sala de aula diariamente ao alimentar com conhecimentos as mentes de crianças e jovens.
Em todas as disciplinas, o que é ensinado é permeado de cultura, e todos os currículos representam uma forma particular de ver o mundo.
Portanto, a melhor forma de trabalhar a cultura popular brasileira na escola perpassa essa conscientização de que tudo é cultura, de que os alunos e os professores são inseridos nessa cultura e que ignorar qualquer manifestação dela é excludente e distancia a educação da realidade.
A partir daí, vale criar brincadeiras, como propor à turma reformular lendas e mitos clássicos partindo das vivências e interpretações locais dos próprios alunos. Por exemplo, reescrever a história do Saci, do Bumba Meu Boi, da Yara, dentro da comunidade em que vivem. Com certeza a criatividade vai tomar conta e prover excelentes trabalhos.
Vale também propor atividades com gêneros musicais que não costumam ser abordados, vide a lógica de rima, ritmo e poesia do Funk e do Rap. O álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais, foi matéria do vestibular da Unicamp da edição de 2018 até a de 2023 e com certeza vai tornar as suas aulas mais criativas.
Outra opção é levar diferentes livros que trazem diversas perspectivas sobre a cultura popular brasileira. Nesse quesito, a Editora do Brasil tem excelentes obras para te ajudar:
- Uaná, um curumim entre muitas lenda;
- Encontros folclóricos de Benito Folgaça;
- Folclorices de brincar;
- As cantigas de Lia;
- Uma semana inesquecível;
- Nasci em 1922, Ano da Semana de Arte Moderna;
- Série Brasil Arte – Percursos, Linguagens e Cultura Volume Único;
- Série Brasil: Literatura;
- Apoema Arte;
- Akpalô Arte.