Dia Internacional dos Imigrantes
18 de dezembro de 2022
A organização internacional para as migrações (OIM) registrou mais de 25000 mortes em rotas de migração para a Europa desde o início de 2014. Já os dados de 2022 podem estar incompletos devido aos naufrágios invisíveis muito frequentes. Estamos falando de casos em que barcos inteiros são perdidos no mar sem qualquer busca ou salvamento em andamento.
Isso me recorda de muitos europeus querendo proibir a entrada de imigrantes africanos, vaiando jogadores negros e de outras etnias na copa de 2018, que no mesmo ano, o time francês que de 23 jogadores, 14 eram negros, filhos e netos de de imigrantes, com raízes em dezenas de países, venceram a copa.
Exemplos não faltam: a atual seleção francesa tem 78% dos jogadores filhos de imigrantes, e a seleção marroquina que disputa a Copa do Mundo tem 17 jogadores nascidos fora do país.
A copa do mundo nos dá acesso às histórias emocionantes dos imigrantes na Europa e de como o futebol para alguns ainda é o único meio possível de transformação social para muitos que foram relegados à periferia da sociedade.
Muitos destes imigrantes têm histórias dignas de filme. Superaram todas as dificuldades da inevitável migração, tiveram suas cidadanias questionadas, perderam a pátria mãe, escaparam da morte mas não escaparam da violência racista e xenofóbica, assim como seus pais e avós.
Em 2022, os imigrantes seguem conquistando mais espaço, tomando suas seleções e unindo diferenças, cultura e geopolítica, esporte e política, entretenimento e denúncias urgentes em torno das diásporas e naufrágios que não cessam.
Nosso Brasil é assim também, repleto de chegadas e saídas, de desejados e “indesejados”. Nosso país se fez e ainda se faz em cima das migrações, onde muitos conseguem honrar seus antepassados, e outros tantos ainda não conseguem assimilar uma cultura do pertencimento.
Como bem nos lembra a jornalista Eliana Alvez Cruz, a casa não tem a ver com território, com certidão de nascimento. Pertencimento é mais que a noção torta de “pátria”.