Educação ambiental: como formar cidadãos conscientes e comprometidos com a atualidade?
14 de maio de 2025
Por meio da educação ambiental, jovens podem fazer a diferença no futuro do planeta
Por Gabriel de Moura Silva
Nos últimos anos, presenciamos grandes desastres socioambientais que reforçaram ainda mais o alerta sobre a urgência de cuidar do planeta, como o ocorrido em 2024, no Rio Grande do Sul, com enchentes e alagamentos que atingiram 2,3 milhões de pessoas.
Em 2023, a temperatura média global ficou 1,48 °C mais quente do que os níveis pré-industriais, mostrando uma tendência preocupante de aquecimento acelerado e que tende a piorar cada vez mais, caso não sejam tomadas as medidas necessárias.
Portanto, cada ação, por menor que seja, pode impactar positivamente no nosso futuro. Nesse contexto, os jovens desempenham um papel fundamental como agentes de transformação, o que torna a educação ambiental uma peça-chave para a construção de uma sociedade capaz de instigar mudanças positivas.
Segundo Gabriel de Moura Silva, autor de materiais didáticos da Editora do Brasil, biólogo e doutor em Ensino de Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), o uso do prefixo “socio” antes de “ambientais” não é à toa. De acordo com ele, seguir usando o termo “desastres naturais” (e outras variantes) elimina um componente importante para o entendimento de sua causa: a ação humana. “Apesar de serem desastres com impactos na natureza, é a intervenção humana que os ocasiona”, diz.
Desse modo, é papel do educador preparar esses jovens para que sejam cidadãos mais conscientes e comprometidos com a atualidade e com o futuro, fazendo com que a educação continue sendo um agente transformador da sociedade.
Educação ambiental: por onde começar?
Por meio do desenvolvimento de pensamento crítico, expandindo o conhecimento e a consciência social da população, as novas gerações serão capazes de se posicionar conscientemente sobre questões socioambientais, impactando a sociedade positivamente em longo prazo.
Assim, os jovens devem entender que os problemas ambientais não são algo externo, e, sim, resultados das ações e interações com a natureza, afetando todos, de micro-organismos, vegetais e animais a toda a sociedade e em diferentes escalas, do local ao global. Nesse viés, as abordagens educativas devem incentivar o debate, a construção do conhecimento e a participação ativa de cada indivíduo. Dessa maneira, é possível desenvolver a conscientização ambiental e a cidadania, para que as pessoas possam agir em favor da sustentabilidade. “A educação ambiental em que acreditamos é aquela na qual o sujeito consegue ver a coisa acontecer”, esclarece Silva.
A depender do nível escolar em que o professor atua, será possível trilhar caminhos diferentes. No Ensino Médio, por exemplo, é possível investir mais em intervenções locais. As possibilidades podem, portanto, ser adaptáveis à realidade escolar.
Educação socioambiental: boas práticas pedagógicas
À medida que os estudantes se incomodarem com o lugar em que habitam ou com os espaços em que vivem, começarão a perceber que podem colocar em prática ações que ajudem a mudar o cenário desses lugares – escola, casa, comunidade ou projeto.
Entre as práticas recomendadas por Silva para o educador que deseja trabalhar o tema em sala de aula de modo prático, estão:
- Mapeamento socioambiental: focado em mapear os ambientes e entender o que há neles, em parte pela própria observação do sujeito, em parte pela mediação do professor.
- Resgate de memórias: prática para a compreensão dos laços que os estudantes e/ou a comunidade estabelecem com o espaço. Nesse caso, objetos, fotos e outros patrimônios materiais e imateriais assumem um papel central, funcionando como alegorias que resgatam memórias, histórias e conhecimentos locais presentes no entorno. O objetivo da atividade é resgatar o conceito de pertencimento.
- Intervenções locais: consiste na busca por soluções para os problemas encontrados. Pode acontecer de várias maneiras, como a criação de uma horta, mutirões de limpeza de determinados espaços, distribuição de placas e até busca por apoio de órgãos oficiais.
Quer entender melhor a importância de investir em educação ambiental nas escolas? Leia o nosso artigo sobre o assunto!
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Gabriel de Moura Silva – Autor de materiais didáticos para coleções do PNLD pela Editora do Brasil
Autor de materiais didáticos para coleções do PNLD pela Editora do Brasil desde 2011, doutor em Ensino de Ciências pela USP. Atua com formação de professores e suas buscas por conteúdos e abordagens de ensino que proporcionem o desenvolvimento de habilidades científicas e aprendizados significativos das/dos estudantes, em uma perspectiva histórica e sociocultural, que enfatiza a educação ambiental e a sustentabilidade.
Gabriel também é um dos autores da obra “Interação Biologia”, aprovada no PNLD 2026 Ensino Médio. Baixe a obra na íntegra no site: Biologia | Editora Brasil.