Educação em museus
21 de novembro de 2018
Por Tânia Pescarini
Exposição de brinquedos antigos na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo chama atenção para a importante relação entre educação e preservação da memória. Apesar dos apertos orçamentários, museus e exposições interativas paulistas atraem mais interesse.
O MEB, Museu da Educação e Brinquedo, está desde setembro com uma exposição de brinquedos antigos. Fundado pela professora e pesquisadora aposentada Tizuko Kishimoto, o museu é uma peça importante de preservação de memória. Assim como outras 45 coleções locais, essa sobrevive graças ao trabalho de bolsistas e estagiários, além de doações eventuais, na Universidade de São Paulo. “Falta dimensão sobre a importância dos museus. A preservação de acervos não é prioridade na Universidade, cujo foco é ensino e pesquisa”, afirma a professora da USP, Ermelinda Pataca.
Os museus paulistas, cuja carteira de visitantes cresce a cada ano, sofrem com o subfinanciamento. Nos últimos cinco anos, o Museu da Língua Portuguesa e o Instituto Butantan sofreram com incêndios. Acervos importantes foram destruídos. Um dos mais visitados – e queridos –, o Estação Ciência, chegou a receber 300 mil pessoas por ano. Desde então, fala-se sobre a construção de um novo Museu da Física, o que diante da Emenda Constitucional 95 parece pouco provável.
Para Ermelinda, um dos caminhos para aumentar o interesse nas exposições e chamar a atenção da sociedade para a importância dos acervos é justamente investir na relação entre educação e museus. A Política Nacional em Educação Museal, uma publicação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) constitui um corpo de referências para professores que queiram fortalecer seus vínculos com museus. A leitura oferece um primeiro contato a partir do qual é possível iniciar um caminho rumo à elaboração de um novo projeto. Segundo Ermelinda, as dificuldades que se colocam no caminho de aumentar a visita de escolas são a falta de verba para escolas públicas, pouca cultura “museal” nas famílias e a própria formação dos professores.
Investir em museus: importante para a educação
Museus exercem um papel central na preservação da história de um povo e, portanto, são importantes do ponto de vista da segurança nacional. Quando devidamente engajados em um diálogo produtivo com escolas, podem fazer toda a diferença para a educação também. Uma reportagem da BBC, publicada em 21 Setembro, chamou atenção para a saga de um dos meteoritos mais famosos e raros do mundo, o Angra dos Reis, recuperado na cidade carioca no século XIX e preservado no Museu Nacional. Devido a seu valor, mercadores estrangeiros já tentaram roubar o objeto, feito de uma liga metálica inexistente no planeta Terra. Não se sabe seu paradeiro. Linhas inteiras de pesquisa se perderam, o que nos leva à pergunta: quão seguras estão as coleções brasileiras? A questão tem ainda mais peso diante de mais uma tragédia: o incêndio de grandes proporções que praticamente destruiu o Museu Nacional.
Em São Paulo, quatro museus ligados à Universidade de São Paulo funcionam de maneira independente: o Museu da Arqueologia e Etnologia, o Museu Paulista, o Museu de Arte Contemporânea e o Museu de Zoologia . O Museu Paulista atualmente está fechado e a previsão é que volte a funcionar somente após 2022. A Estação Ciência é outro museu importante, cujo idealizador, o famoso físico Ernesto Hamburger, acaba de falecer. Atualmente, encontra-se fechado. Os principais museus paulistas são administrados de maneira independente, o que significa que há pouco incentivo para que se forme uma força tarefa conjunta que objetive preservar os acervos mais raros e as linhas de pesquisa mais importantes.