Ensino de Química: teorias de Piaget, Ausubel e Vygotsky
30 de junho de 2025
Como a experimentação pode ir além da simples demonstração e se tornar uma aliada na construção de aprendizagens profundas no ensino de Química.
A experimentação tem sido parte essencial do ensino de Química há mais de 150 anos. Sua introdução remonta a 1865, no Royal College of Chemistry, na Inglaterra. No entanto, foi durante a década de 1960, especialmente nos Estados Unidos, que seu uso atingiu um auge, incentivando estudantes a seguirem carreiras científicas. Apesar de sua relevância, ela ainda é subutilizada nas salas de aula, geralmente limitada à demonstração de teorias, em vez de promover aprendizagens mais profundas.
Por que integrar experimentação ao ensino? Além de motivar os alunos e despertar o interesse, essa abordagem estimula o trabalho em equipe, a capacidade de observação e o registro de informações. Ela também permite conectar ciência, tecnologia e sociedade de maneira prática. Os teóricos Piaget, Ausubel e Vygotsky oferecem caminhos complementares para utilizar a experimentação de forma mais significativa no ensino de Química.
Piaget e o estágio operacional formal
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo humano ocorre em quatro estágios. No ensino de Química, o estágio operacional formal (a partir dos 12 anos) é o mais relevante, pois os alunos passam a aplicar raciocínio lógico e verificar hipóteses. A experimentação, nesse contexto, ajuda a transitar do pensamento concreto para o formal, permitindo a construção de modelos explicativos baseados em evidências concretas.
Ausubel e a aprendizagem significativa
Para Ausubel, o aprendizado ocorre quando novos conteúdos são conectados a conceitos já existentes na mente do estudante, conhecidos como subsunçores. A experimentação revela os conhecimentos prévios dos alunos e oferece a oportunidade de ancorar novos conceitos, evitando a simples memorização e promovendo uma compreensão profunda. Assim, ela é uma ferramenta poderosa para criar uma aprendizagem significativa.
Vygotsky e a mediação cultural
Sob a ótica de Vygotsky, o desenvolvimento e a aprendizagem são processos interdependentes moldados pelo contexto histórico e cultural. Ele apresenta três pilares para a experimentação:
- Interiorização: o aluno deve participar ativamente, interpretando os significados por meio de interações sociais.
- Transmissão sociocultural: os conceitos científicos são assimilados, não criados, sendo transmitidos pela história e pela ciência.
- Zona de desenvolvimento proximal: é o espaço entre o que o aluno pode fazer sozinho e o que pode alcançar com a ajuda de um professor ou colega mais experiente.
Integração de abordagens: ensino de Química com experimentação
Cada um desses teóricos contribui de forma única para entender e aplicar a experimentação no ensino de Química. Adotar uma prática pluralista, que combine essas perspectivas, pode transformar as aulas em experiências mais ricas e significativas. O professor, ao considerar as diferenças de aprendizagem e os contextos dos alunos, deve atuar como mediador, promovendo tanto a exploração individual quanto a colaboração.
Por fim, a experimentação não é apenas uma ferramenta didática, mas um meio para formar cidadãos capazes de compreender e aplicar conceitos científicos na sociedade contemporânea.
Quer saber mais do ensino de Química? Leia o artigo que preparamos sobre os itinerários formativos dessa disciplina no blog da Editora do Brasil!
Sobre a autora
Juliana Maia é autora de materiais didáticos para coleções do PNLD pela Editora do Brasil. Química – Cultura Científica e Mundo Contemporâneo.
Juliana também é um das autoras da obra Interação Química, aprovada no PNLD 2026 Ensino Médio. Baixe a obra na íntegra no site: https://pnldensinomedio.editoradobrasil.com.br/livro-didatico/quimica-cultura-cientifica-e-mundo-contemporaneo/