Ensino Médio e as competências socioemocionais na escola
7 de agosto de 2020
Antes de pensar as competências socioemocionais na escola, deve-se observar exatamente o que o termo engloba. Apesar de muito falado em todo o meio educacional, ainda existem equívocos associados a ele.
Para melhor compreender o conceito, precisamos voltar no tempo e entender primeiro o que é inteligência emocional. A ideia começou a ser formada logo que os primeiros instrumentos de avaliação do quociente intelectual foram criados e entendeu-se que existia uma capacidade de processar informações. Em seguida, com o fim da noção de que emoção e razão são coisas opostas, a emoção passou a ser vista como peça fundamental para a construção dos processos cognitivos.
A teoria das Inteligências Múltiplas, liderada pelo psicólogo Howard Gardner na década de 80, apontou que a inteligência está vinculada a capacidade de resolução de problemas, e é fator essencial na tomada de decisões e no modelo comportamental. A partir daí, as emoções foram reconhecidas e partilhadas em eixos que definem as competências socioemocionais: autocontrole e expressividade emocional, civilidade, empatia, assertividade, extroversão, solucionar problemas interpessoais e habilidades acadêmicas.
As competências e habilidades socioemocionais são diversas e, se trabalhadas corretamente, facilitam o processo de ensinagem com uma maior inclusão dos estudantes e uma formação mais completa. Que tal descobrir atividades para incluí-las?
Como trabalhar as competências socioemocionais na escola?
O mundo cobra cada vez mais que os jovens sejam protagonistas de suas histórias e de seu desenvolvimento pessoal. Entretanto, o ensino tradicional não possibilita essa expansão. É necessário abrir o leque e considerar que se o ser humano é complexo, os processos para o seu desenvolvimento também têm de ser, trazendo estratégias de aprendizagem inovadoras. Inserir as competências socioemocionais na escola é uma forma de unir tudo isso, principalmente quando pensamos nos estudantes do Ensino Médio.
A primeira pergunta que o educador deve se fazer é: que tipo de indivíduo desejo formar? A partir daí ele poderá pensar no plano de aula adequado para encaixar a habilidade socioemocional.
Vale ressaltar que, apesar de defenderem os mesmos propósitos, as Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não são a mesma coisa. Mas podemos dizer que as socioemocionais são um recorte aprofundado de certas questões das gerais e, assim, ao trabalhar a listagem da BNCC, o professor conseguirá alcançar as competências socioemocionais.
Mas, afinal, qual a melhor forma de inseri-las na sala de aula? Comece pela aplicação da interdisciplinaridade. O trabalho em equipe sempre gera frutos, então envolva professores de variados segmentos e seus componentes curriculares. Que tal propor unir Arte e Língua Portuguesa? Tragam um tema instigante, talvez fantasioso e que brinque com a imaginação e a habilidade socioemocional da turma.
Instigue o debate e, ao fim, peça para os estudantes montarem uma história em quadrinhos que traga um arco narrativo e a resolução da questão. Solicite que utilizem suas experiências pessoais, narrem como lidariam com a situação, mas que sejam criativos, e pensem bem sobre a melhor forma de ver o problema. Além do debate, as competências socioemocionais na escola ganham espaço na gamificação, abertura de espaços de fala, possibilidade de troca de experiências, propostas de atividades que envolvam a autoanálise e a representação, como uma redação sobre “quem sou e quero ser” ou um autorretrato.
Que tal, também, passar um questionário no qual os estudantes se auto-avaliem? A partir das respostas, será possível encontrar os pontos fracos e fortes, individuais e coletivos, e assim realizar atividades de aprimoramento focadas neles.
Não existe um caminho único para promover a habilidade socioemocional dos estudantes do Ensino Médio, mas partir da pluralidade, considerando o contexto e a realidade de cada escola, é essencial. Sem deixar de lembrar que esse é um trabalho coletivo, não apenas entre professores e jovens, mas de todos os educadores, gestores e também da família.
Fontes: Competência socioemocional: conceitos e instrumentos associados; As 10 competências gerais da BNCC e as competências socioemocionais.