Etarismo: trabalhando o tema em sala de aula
6 de setembro de 2023
A exclusão social da população idosa por meio de falas e ações negativas, que violam os direitos fundamentais dessas pessoas, é conhecida como etarismo.
Essa é uma discriminação que afeta milhares de vidas em todo o mundo desde muito tempo atrás. Para evitar que esses atos continuem a acontecer, é necessário movimentar o tema em sala de aula, com atividades teóricas e práticas que envolvam os estudantes.
Mas, o que é etarismo?
O etarismo se caracteriza pelo preconceito e pela discriminação com base na idade do indivíduo que sofre o bullying.
Em março de 2023 repercutiu o caso das estudantes do curso de Biomedicina que debocharam da colega de classe que tinha 40 anos. O caso aconteceu em Bauru, São Paulo, e foi publicado nos “melhores amigos” do Instagram de uma das abusadoras, onde as meninas disseram que a colega “tinha idade para estar aposentada”.
Situações como essa ocorrem até mesmo em nosso dia a dia, nas escolas e dentro dos lares dos estudantes. É comum escutarmos outras frases como: “você não tem mais idade para essa atividade” ou “você está velho demais para fazer isso”, colocando como pejorativas as palavras “velha” e “velho”.
Repetições na história e seus desafios
Infelizmente, após a Revolução Industrial se espalharam as primeiras crenças que fomentaram o etarismo, que afirmavam que as pessoas idosas não tinham serventia nas posições sociais, tornando-se uma dor de cabeça para as suas estruturas econômicas e sociais.
Onde a visão externa sobre suas limitações e vulnerabilidades dificultam o seu posicionamento em ambientes de trabalho, sociais e familiares pelo afastamento provocado pelo preconceito enraizado no inconsciente da população.
O Estatuto da Pessoa Idosa
A Lei nº 10.741/2003 regula “os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos”, conhecido como Estatuto da Pessoa Idosa.
Dentro dessas leis encontramos especificações que garantem o direito à saúde, ao acesso à cultura, ao esporte, à liberdade, à previdência social, a não-discriminação, ao trabalho e à profissionalização, ao atendimento prioritário, entre outros.
Como um dos meios de combater o etarismo nas escolas, é detalhar cada um dos tópicos que o Estatuto traz, destacando a importância de sua existência e todos os desafios do envelhecimento.
A Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, especializada em Cuidados Paliativos e Suporte ao Luto, é médica, escritora e ativista da cultura do cuidado. Ela fala em seus livros e workshops sobre o envelhecimento e os meios de se envelhecer bem. Uma ótima referência para compreender novas formas de ensinar aos estudantes sobre o tema com empatia.
Meios de combater o etarismo
Em sala de aula, proponha atividades que incentivem a pesquisa e a entrevista com os familiares mais velhos (avós, bisavós e tios) que desvendam a história de vida dessas pessoas. Como foi a sua infância, adolescência, vida adulta e o processo de envelhecimento.
Para um trabalho em grupo, peça aos discentes que listem o que significa, para eles, as palavras envelhecimento e preconceito pela idade. Com as respostas em mãos, peça que cada grupo diga quais foram as suas respostas e como foi esse processo entre eles.
E como forma de fomentar a resolução de problemas sociais, incentive seus estudantes a propor políticas públicas e leis que combatam o etarismo no Brasil. É importante que essas propostas levem em conta o cumprimento aos Direitos Humanos, o combate ao preconceito e à discriminação e proponha a igualdade entre as diferentes gerações.
Com essas práticas incentivamos os estudantes a combater o etarismo por meio do desenvolvimento das competências socioemocionais, em um contato mais humanizado com as diferentes gerações e faixas etárias.