Síndrome de Burnout em professores: alerta para a saúde mental na escola
8 de janeiro de 2021
É tão bom voltar para casa no final de um dia de trabalho e, finalmente, relaxar, cuidar da família ou do próprio lar. Se você for um professor, talvez, isso não aconteça tão logo. Aliás, com as imposições da pandemia, casa e trabalho se misturaram e as 24 horas do dia se tornaram um grande borrão, onde não há horários e espaço pessoal. Isto é um problema que pode trazer a síndrome de Burnout para a vida de muitos professores e reforça a necessidade de discutir a saúde mental na escola.
O ensino, agora, é uma das profissões mais estressantes e o desgaste relacionado ao trabalho é uma das principais causas de atrito, sendo que o esgotamento pode ser difícil de tratar, pois muitos dos fatores de estresse que o causam estão fora do controle do professor. Por isso, vale atenção redobrada aos sintomas e à qualidade de vida desses profissionais.
Quais são os sintomas de Burnout?
Os sintomas incluem sentir-se insatisfeito, oprimido, facilmente frustrado, exausto, esquecido, distraído, fatigado, dificuldade em dormir e mudanças no apetite com a perda ou ganho de peso. Com o tempo, se não for tratado, a síndrome de Burnout pode causar ansiedade, depressão e problemas de saúde física mais sérios. Compreender os fatores relacionados ao esgotamento docente ajuda a promover a saúde mental na escola e criar instituições que se baseiem na satisfação profissional dos professores e, consequentemente, na oferta de educação de alta qualidade.
Segundo um estudo do Journal for Social and Behavioral Sciences descobriu, as causas da síndrome de Burnout em professores podem ser divididas em duas categorias: ambientais e sociais.
Os fatores ambientais incluem:
- Conflito de papéis e ambiguidade: os administradores costumam ser vagos sobre o que exatamente se espera dos professores, e muitos sentem o dever tácito de fazer mais;
- Sobrecarga de trabalho: os professores têm a tarefa de fazer mais do que podem durante o horário normal de trabalho;
- Salário baixo: o ensino faz parte da lista dos empregos com menor remuneração que exigem diploma universitário e formações continuadas;
- Clima ruim da sala de aula: todos os dias, os professores enfrentam discentes desrespeitosos e lutam para equilibrar a gestão da sala de aula com a instrução;
- Pouco apoio de superiores: este não é o caso em todas as escolas e para todos os professores, mas quando for, pode levar um educador a se sentir esgotado e desvalorizado muito rapidamente.
Os fatores sociais incluem:
- Erosão do respeito público e do apoio aos professores: muitas vezes esses profissionais se esforçam para trabalhar em situações adversas, vide a pandemia de Covid-19, enquanto ouvem do público que qualquer um pode fazer seu serviço e, ainda, que a maioria pode fazer melhor do que eles. Isso gera sentimentos desmoralizantes;
- Aumento das demandas com diminuição simultânea do financiamento: conforme as escolas enfrentam mais e mais cortes no orçamento, os professores são cada vez mais solicitados a fazer mais com menos recursos.
Quais são algumas maneiras de lidar com o Burnout?
A melhor estratégia é desenvolver uma rotina de autocuidado. Comece identificando as atividades que você gosta e espera fazer. Tente criar um equilíbrio entre sua vida profissional e familiar. Em vez de responder e-mails e mensagens em grupos de aplicativos imediatamente quando chegam, reserve períodos de tempo para retornar. Você pode incluir uma resposta automática por e-mail informando às pessoas que serão atendidas durante horários definidos. Além disso, defina um horário limite no final da tarde ou à noite, após o qual você não responderá mais ninguém Desta forma, é possível criar uma distinção entre o trabalho e o término do expediente. Considere também buscar o apoio profissional de um especialista em saúde mental caso sinta necessidade, não tenha medo de procurar ajuda.
Saúde mental na escola, o que a gestão pode fazer para apoiar seus colaboradores?
É importante que todas as pessoas de um sistema escolar sejam ouvidas, respeitadas e levadas em consideração. Os gestores podem fazer isso: mantendo fóruns abertos para discutir as preocupações dos professores e funcionários, estabelecendo uma comunicação regular para que todos sintam-se informados, sendo transparentes sobre como e porque as decisões estão sendo tomadas e incluindo todas as partes interessadas, na medida do possível, na tomada de decisões. Os gestores podem criar ambientes estimulantes que reconheçam e apoiem o bom trabalho que está sendo feito, promovam a formação de equipes e informem os professores e funcionários sobre os apoios de saúde física e mental disponíveis.